....mas
nós sempre fomos
e
continuaremos a ser
gente
de paz
amigos
companheiros
camaradas
irmãos.
*
Em
homenagem aos tantos camaradas
que perdemos numa guerra inútil,
aqui vos
deixo este poema dum grande amigo,
que também passou "férias" em África:
*
- Carlos Luzio, Pescador de Sonhos, ex-alferes miliciano em Moçambique,
meu conterrâneo e Amigo de sempre, que não quis morrer lá longe e acabou por se ir embora de aqui tão perto.
Guardo
do tempo em que o Carlitos atracou em Mocímboa do Rovuma (setembro de 1970) uma
preciosa coleção de cartas, sobretudo em forma dos célebres "bate
estradas"...
...que ele me ia enviando do endereço postal militar
(SPM), cujo código servia para impedir que o tenebroso inimigo soubesse onde a
malta estava a derramar a juventude.
Num
rasgo único de fidelidade à Pátria e aos segredos militares, o Carlitos
identificava-se assim no remetente:
Silvestre Rojo Sommell
Alferes Miliciano
SPM 1904
Acredito
piamente que foi esse disfarce que o safou da merda que era levar com uma mina
nos tomates.
Chegado
a Mocímboa do Rovuma, na fronteira com a Tanzânia, onde todos os dias cheirava
a pólvora, emboscadas e minas, este nosso camarada e companheiro ajudou a
construir o acampamento militar:
"Parece
um circo, um autêntico circo.
Barracas de lona, luz eléctrica e palhaços,
muitos palhaços,
a começarem pelo capitão."
O
meu grande Amigo de toda a vida foi de abalada em 27/9/2005, que a guerra da
vida não quis a paz com ele.
Pouco
depois da sua morte, um grupo de Amigos (Emília Aires, Milton Costa, Óscar
Santos e Sérgio M. Ferreira) lembrou em livro os poemas do Pescador de Sonhos,
o que todos fizemos